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quarta-feira, 21 de abril de 2021

Martim Lutero e a Dieta de Worms


O ano de 2021 marca os 500 anos de um importante evento da história da Reforma e, particularmente, da vida de Martim Lutero. O reformador foi levado para Worms contra a sua vontade. Porém, sua fama, a popularidade de seus escritos, tumultuaram a assembleia que as autoridades da época haviam organizado naquela localidade. Muitas pessoas estavam se ajuntando para ver Lutero e manifestarem o seu apoio a ele. 
Aquela grande assembleia imperial em Worms acabou se tornando um verdadeiro marco na história de Lutero e da Reforma. Um monge alemão, por causa de suas ideias inconvenientes ao império e à igreja, obrigou que a pomposa agenda da Dieta Imperial incluísse algo fora da pauta. 

Muitas pessoas comuns, mas, também todas as forças do império da época, com seu rei e seus príncipes, estavam reunidas naquela pequena cidade naqueles dias. O clima, no entanto, era tão favorável a Martim Lutero que seus inimigos e acusadores não ousavam andar nas ruas sem proteção especial. As ruas estavam tomadas de folhetos com textos da autoria de Lutero. 

Martim Lutero logo descobriria que por mais calorosa que possa ser uma recepção pública que depende da espontaneidade do povo, não é assim que funcionam as reuniões e os eventos institucionais pomposos, minuciosamente planejados de acordo com os interesses daqueles que detém o poder. 

Na época, Lutero pertencia à igreja conhecida e organizada que havia: a igreja católica, sediada em Roma. Todo o esforço de Lutero foi por amor à igreja. Portanto, nem sempre o crítico está apenas querendo ‘ser do contra’ ou um simples agitador que deseja acabar com a igreja. Lutero jamais optou por sair e fundar a sua própria igreja. Ele foi expulso. 

A tal Dieta ou Assembleia que o Império organizou em Worms envolvia muitos interesses políticos entre Roma e Alemanha. Havia muitos interesses e negociações acontecendo nos bastidores. Quem já participou de assembleias e concílio de igrejas, bem como eventos de convenções político partidárias e de sindicatos hoje, sabe bem como é. O que poucos parecem se dar conta, ou, gostariam de admitir, é que Deus age em meio a toda essa precariedade humana. Deus pode fazer interesses mesquinhos e distorcidos convergirem para os seus propósitos maiores. 

Existem duas estratégias comuns utilizadas pelos poderosos contra as vozes que começam a incomodar. Uma é oferecer algo que soe como vantagem ao agitador. Trocando em miúdos, significa comprar a pessoa. Roma já tinha cogitado fazer isso oferecendo a Lutero ‘um chapéu de bispo’. No caso de Worms, utilizou-se da outra estratégia: a intimidação. 

Reunião particular com Lutero, regras e mais regras, direito à voz limitada. Conduzido à sala do trono, Lutero se viu diante de uma pilha de livros aos quais foi instado a renunciar, reconhecendo-os como heresias. Um caso curioso. Chegaram a ler os títulos da lista de textos. Lutero, então, pede um tempo para responder. Não queria, segundo ele, prejudicar a sua devoção. O imperador, aparentemente, não muito interessado, pediu que Lutero fosse retirado do recinto e fosse lhe dado 24 horas. 

Podemos imaginar como foram aquelas horas para Martim Lutero. Oração. Meditação. Conversas para buscar conselhos. Tudo num misto de indignação. Preocupação com o que diria no dia seguinte. A seu modo, o certo é que Lutero se preparou. Ele era bom de argumento. Não aceitaria ser intimidado pelas autoridades, pelos títulos, pela pompa diante da qual fora arrastado. 

Outro interessante exercício de imaginação seria tentar se colocar naquele ambiente que receberia Lutero. Quanta expectativa! Lutero começou o seu discurso. Não aceitou renegar seus escritos. A passagem mais famosa e repetida até os dias atuais é esta: 

“A não ser que eu esteja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão clara (pois não confio nem no papa, nem nos concílios por si só, pois é bem sabido que eles frequentemente erraram e se contradisseram), sou obrigado pelas Escrituras que citei, e minha consciência é prisioneira da palavra de Deus. Não posso e não irei renegar nada, pois não é nem seguro e nem correto agir contra a consciência. Que Deus me ajude. Amém” 

Esse posicionamento de Lutero é que realmente tornou a pequena Worms e sua assembleia conhecidas dos cristãos até os nossos dias. A posição de alguém que se negou a ir contra a sua consciência e, principalmente, contra a sua fé. O reformador deixou claro qual era o seu fundamento: as Escrituras, a palavra de Deus. O que veio depois, quando Lutero já não estava mais na cidade, foi o tal Édito de Worms. Um volumoso e tendencioso texto, como algumas autoridades gostam de produzir quando desejam desqualificar e calar alguém. O texto, basicamente, servia para incriminar qualquer pessoa que concordasse, em atos ou palavras, com os posicionamentos de Martim Lutero. Fato é que com algumas mudanças que ocorreriam, o tal Édito de Worms nunca chegou a vigorar na Alemanha. 

Séculos depois resta continuarmos a história. Há o caminho dos tribunais injustos, dos textos elaborados nos bastidores, das negociações espúrias, dos planos de poder e manipulações mais convenientes. Há, no entanto, também o espírito de coragem, ousadia e fidelidade que não se corrompe diante da mais vil intimidação. Cada um destes caminhos certamente ainda conserva os seus herdeiros.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O Que Você Vai Ser Quando Crescer?

 Já não é mais assim que, no Brasil, todo menino quer ser um jogador de futebol e toda menina sonha em ser modelo.

Os novos tempos e as novas tecnologias permitiram também às crianças ampliarem os seus horizontes.

Enquanto, sim, ainda muitas sonham em ser astronauta, há também tantos que sonham em ser youtuber ou tiktoker.

Embora não haja qualquer necessidade de acelerar nada na vida das crianças, o fato é que as brincadeiras de infância acabam despertando a imaginação e influenciando, de alguma maneira, as futuras vocações.

Vocação é algo fundamental na vida de qualquer pessoa. É muito triste saber, no entanto, que tantas pessoas não podem dedicar-se ao seu verdadeiro chamado. Isso acontece por diversas circunstâncias.

Num país com tantas dificuldades econômicas e de educação como é o caso do Brasil, ter um emprego, para muitos, já é um sonho realizado.

Enquanto aguardamos dias melhores, podemos tentar fazer a nossa parte, aquilo que nos cabe, para somar na vida das pessoas.

Olhando para a minha própria trajetória, já trabalhei na lavoura, desde adolescente. Depois, trabalhei num bar, numa fábrica de costura, numa loja de conveniências, numa igreja e numa faculdade.

Enquanto não podemos nos dedicar àquilo que realmente queremos, precisamos manter e o foco e perseguir os nossos sonhos. Assim, nos fortalecemos na certeza de que muitas coisas em nossa vida são provisórias. São degraus, etapas de aprendizado e crescimento.

A verdadeira vocação está para além de trabalho, emprego, profissão e carreira. Descobrir isso é libertador. É uma reflexão que trabalha em nossa motivação, naquilo que nos move todos os dias.

Podemos trabalhar para ganhar mais dinheiro, obter uma promoção, sermos reconhecidos pelas pessoas, ou, simplesmente para trazermos o sustento para casa. Quando compreendemos a nossa vocação, no entanto, percebemos que se trata de dar a nossa própria contribuição ao mundo numa determinada área.

Para descobrir o seu lugar e fazer a diferença no mundo, é necessário compreender como funciona a vocação. 

Vocação tem a ver com chamado. É isso que a palavra vocação significa: um chamado. Uma voz que chama. Podemos imaginar a voz de uma mãe que chama o filho ou a filha para lhe auxiliar numa tarefa. Um pai que chama o filho para auxiliar na preparação do almoço.

Estas pequenas atividades inescapáveis do dia a dia, porém, ainda não tocam a profundidade e abrangência universal e existencial da vocação. 

Se a vocação consiste num chamado para dar a nossa própria contribuição no universo, então, a voz que chama é maior, está além da confusão de vozes humanas. Não basta um pai que deseja que eu seja advogado, uma mãe que gostaria que eu fosse médico, a universidade que me quer pós graduado e assim por diante.

É mais que um sonho. Vai além de nossos pais que tanto gostariam de ver realizado nos filhos os sonhos que eles mesmos viram frustrados em suas vidas. Vai além da demanda de um mercado frio, impessoal e competitivo.

Quando encontro a minha vocação, faço escolhas que nem todos compreenderão. Os critérios mudam. Promoções, maiores salários, status, poder, tudo isso fica para segundo plano. Haverá, até mesmo, quem te chame de louco por causa das coisas que você é capaz de abrir mão.

Ainda assim, vale a pena. Haverá também aqueles que te compreenderão. Estes, geralmente, são aqueles que te amam e que também já descobriram a sua própria vocação. Eles também ouviram a voz e atenderam o chamado.



domingo, 31 de maio de 2020

O que você Sabe Sobre o Apocalipse?

Quase todos os dias eu recebo algum vídeo ou mensagem alertando para a volta de Jesus.

Isso acontece especialmente porque estamos vivendo aquele que talvez seja o tempo mais difícil da humanidade desde a Segunda Guerra Mundial. A pandemia do novo coronavírus gera dúvidas, medo e ansiedade. Os cristãos não estão imunes a isso.

Eu preciso fazer uma confissão aqui! Nunca fui muito fã desse tema que envolve apocalipse e fim do mundo. Tá, eu admito que não podemos fugir do assunto! Aqui mesmo neste blog já compartilhei textos importantes sobre isso.

Observando as pessoas em geral percebo que muita gente é simplesmente fascinada pelo tema. Em qual dos dois grupos você se encaixa?

Pensando nisso, percebi que ser um expositor da Palavra de Deus é semelhante a ser um radialista, DJ ou programador musical. Não dá pra tocar somente a minha música predileta.

Embora pregar a Palavra não signifique falar somente aquilo que as pessoas desejam escutar, é preciso estar atendo aos seus anseios. Especialmente, é preciso falar daquilo que Deus deseja que as pessoas saibam.

Apesar de não ser o meu tema favorito, houve duas ocasiões na minha vida que decidi encarar o assunto com mais atenção. A primeira vez foi há quase dez anos atrás. Preparei uma série com dez mensagens para pregações na igreja. A segunda vez foi mais recente. Recebi um convite para ministrar aulas de escatologia numa faculdade de teologia.

Se é pra confessar, então, vamos ser sinceros. Ambas as vezes, enquanto mergulhava nos livros, artigos e comentários bíblicos, me deparava com palavras, símbolos e imagens, a vontade era de ‘deixar para depois’. O sentimento era de que havia coisas mais interessantes para ler.

Esta incursão mais recente no tema coincidiu com a pandemia e a quarentena. As pessoas estão assustadas, fragilizadas. Ao mesmo tempo, recebem ainda mais mensagens alarmistas, confusas e de pouca credibilidade.

Não dá pra tocar apenas a minha música favorita! 

Foi então que decidi fazer uma coisa que jamais imaginei faria um dia. Aproveitei meus estudos e pesquisas no assunto para elaborar um breve curso sobre escatologia cristã.


O curioso é que é exatamente o público que costuma fugir do assunto que mais poderia ajudar a gerar informação relevante e de credibilidade. Por quê? Este é o público que não gosta das fantasias, do sensacionalismo e das especulações vazias. Logo, é um público que prefere a realidade dos fatos. Por isso, costumam levar a sério a informação e a pesquisa. Perfeito.

Atenção. Não podemos deixar um tema tão fundamental ser tratado com leviandade. A narrativa bíblica concede um espaço significativo para aquilo que ainda está por vir. Como ignorar isso? Não dá.

Você quer dar respostas inteligentes e sensatas quando o assunto surgir novamente nas redes sociais que você participa? O apóstolo Pedro disse que os cristãos devem estar “sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1 Pedro 3.15).

Para que possamos dar uma resposta significativa nós precisamos estar preparados.


Eu realmente espero que este curso ajude você a perceber que a mensagem do Apocalipse não é uma mensagem de terror, mas, de esperança. E, ajude também a elevar o nível de conhecimento sobre a narrativa bíblica em sua igreja!

Que Deus conceda a você lucidez e discernimento para atravessar esses dias difíceis!

Deus abençoe você e seja você uma benção!


Rodomar Ricardo Ramlow

Teologia Missional

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Canal no Youtube

Olá você que nos acompanha neste blog.
Ultimamente temos nos dedicado a produzir mais conteúdos em vídeos que são disponibilizados em nosso Canal no Youtube!

Eu convido você dar uma conferida lá!

O Canal Teologia Missional é um espaço de ensino, mensagens e leitura da Palavra de Deus.

Queremos contribuir para uma expressão missional da igreja brasileira.

INSCREVA-SE

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Estudar Teologia

Não fuja!!!

Estudar teologia é algo que todo cristão deveria considerar. Mas, não, eu não estou falando que todo cristão deveria ir para um seminário ou faculdade de teologia e passar 4 ou 5 anos estudando para obter um diploma de bacharelado em teologia.

O que fazer, então?

Se for este o chamado de Deus para você, então, siga em frente. Se você estiver em paz com a ideia de fazer um bacharelado em teologia e servir como um ministro de tempo integral a igreja, vá em frente! Deus continua, sim, chamando pessoas para servir de tempo integral na sua seara, seja como pastor, missionário, catequista, diácono e etc. No entanto, estudar teologia é para todos. Não se trata de apenas buscar um 'canudo'.

Ninguém deveria pensar que se estuda teologia para se obter uma profissão. Tal perspectiva é muito superficial e está aquém daquilo que significa a teologia enquanto possibilidade de mergulhar no conhecimento de Deus.

Explico melhor...

A teologia prepara não para uma profissão. Uma boa teologia prepara para a vida. Quando dizemos, então, que a teologia é para todos, é disso que estamos falando. Envolve buscar conhecimento e sabedoria em Deus e, assim, deixar que haja transformação diária em nosso modo de pensar e viver.

Isso não te lembra algum texto bíblico?
Exatamente, estamos nos referindo às palavras do Apóstolo Paulo:

"Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12.2)

A oportunidade nunca esteve mais ao alcance da igreja brasileira do que agora. Ninguém precisa mais sair de sua cidade para estudar teologia. São inúmeros cursos, de diversas instituições, nos mais variados formatos.

Mas, como discernir entre tantas propostas?

Sem dúvidas cabe a cada um de nós pesquisar sobre a seriedade dos cursos e também sobre a proposta teológica oferecida.

Nós temos uma proposta de um breve curso e convidamos você para experimentar. Um curso que visa ajudar pessoas cristãs que querem ter uma visão panorâmica da história de Deus com o mundo.

Inscreva-se no curso BASE BÍBLICA DA IGREJA MISSIONAL.

PARA MAIORES INFORMAÇÕES ENTRE EM CONTATO CONOSCO PELO E-MAIL: teologia.missional@gmail.com

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Somente a Graça

O que é a graça?

Se tem um tema do qual jamais me canso de refletir e falar é a graça. Isso porque não se trata de uma graça qualquer. Falo da graça de Deus!

Falar sobre a graça de Deus significa abordar uma imensidão de coisas. E, ao mesmo tempo, é tratar de algo singelo, muito específico. No contexto da igreja, falar da graça é ser lembrado de algo grandioso. Grandioso porque trata de nada mais nada menos do que a salvação humana. Como a vida de milhões de pessoas seria mais leve se compreendessem aquilo que o bondoso Deus já fez por elas!

A mensagem que todo ser humano precisa ouvir e compreender para poder desfrutar mais plenamente a vida é a mensagem da graça de Deus. Quantas bênçãos, quantas coisas maravilhosas a graça faz pelo indivíduo!

A graça é o grande diferencial do cristianismo frente a todas as demais religiões. A graça faz do cristianismo algo mais do que uma mera religião. A graça do cristianismo está na graça. Pela graça podemos encontrar-nos de mãos vazias diante do Senhor do Universo e sermos aceitos. Quantas pessoas ainda não sabem disso e vivem escravas de uma religiosidade que acha que precisa agradar a Deus, oferecer sacrifícios, demonstrar algum mérito!?

Seria muita pretensão querer listar os inúmeros benefícios da graça. Ainda assim, alguns poucos rapidamente nos vêm à mente. Não podemos confundir nossas relações humanas, à base de trocas, de negociações e dos méritos, com aquilo que Deus faz na cruz para perdoar nossa culpa e nos acolher em seus braços. A graça liberta! Liberta dos méritos. Deus nos encontra de mãos vazios e com o currículo em branco. A graça nos encontra num papel comum. Não são títulos e cargos que despertam a atenção de Deus para nós. Apenas o seu incomparável amor.

A graça é para todos, pois “todos pecaram”. Assim, a graça me liberta do orgulho. Na igreja encontro irmãos igualmente agraciados. Todos são igualmente preciosos para Deus.

Na graça não preciso de autoafirmação. Quem me afirma é o meu criador. Reconheço que preciso de uma mão estendida e sei que ela está lá.

A graça coloca todos ao redor da mesa da Ceia do Senhor. Não há competição. A graça desconhece medalhas e troféus. Não faz sentido disputar com alguém por aquilo que eu já tenho.

Nenhum sacrifício é necessário. Jesus deu a si mesmo como o sacrifício definitivo. A liberdade gerada pela graça produz gratidão. Nossa relação com Deus, a partir da graça, é de reconhecimento e gratidão. Não há espaço ou necessidade de esquemas religiosos, negociações, medo ou culpa. Pela graça Deus nos faz filhos e filhas. Vivemos a perspectiva da eternidade no seu reino.

Viver sob a graça é reconhecer que já pertencemos a outro mundo: um mundo também conhecido como o reino de Deus.

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